O Birmann 29 é, segundo a incorporadora - a Birmann -, o primeiro empreendimento viabilizado pela operação urbana da nova Faria Lima, isto é, do prolongamento da avenida Brigadeiro Faria Lima, projetado e construído durante a gestão Paulo Maluf (1993-1996). A Faria Lima, no bairro de Pinheiros, na zona oeste da cidade, é uma das mais tradicionais avenidas de São Paulo. No trecho original se encontra o primeiro shopping center construído no Brasil (o Shopping Center Iguatemi, inaugurado em 1968), o Clube Pinheiros e importantes edifícios comerciais. Com a extensão, a avenida passou a ligar o bairro de Pinheiros à zona sul da cidade, na direção dos modernos edifícios de escritórios, rumo à avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, à marginal Pinheiros e à Republica do Líbano. A nova Faria Lima, como ficou conhecida, demorou a "decolar", por conta dos altos preços dos terrenos.

Mas, aos poucos, consolida a posição de avenida de negócios, com vários empreendimentos em fase de entrega. Com 45.700 metros quadrados de área construída, quinze pavimentos de escritórios, mais um piso técnico (que concentra casa de máquinas dos elevadores, do ar-condicionado etc.), cinco subsolos e lajes de 1.380 metros quadrados de área útil, o Birmann 29 precisou de uma força alienígena para se concretizar. A participação de um banco estrangeiro, que vai ocupar a "zona alta" do prédio, entre o décimo primeiro e o décimo quinto andar, foi decisiva para a realização do negócio.

Build suit - Como resultado, a concepção arquitetônica do edefício, que leva a assinatura do escritório norte-americano Skidmore, Owigs & Merril, tem forte influência do banco. O diretor de operações da Birmann, Alberto Pedrini, conta que o projeto foi desenvolvido pelo sistema build suit, em que se projeta de acordo com as necessidades e vontades do ocupante da edificação. A escolha do granito cinza das fachadas, importado da Espanha, por exemplo, foi exigência do banco.

"É a mesma pedra usada nas sedes deles em Londres e em Paris", explica Alberto Pedrini. O diretor da Birmann esclarece que a pedra não chega a ser uma questão de identidade do banco, mas tem a ver como uma imagem sóbria e sólida que a organização deseja transmitir.

Outro resultado do build suit foi a divisão do edifício em "zona alta" e "zona baixa". A divisão acontece pelo esquema dos elevadores. O Birmann 29 possui sete elevadores sociais. Desses, três são de uso exclusivo do banco, ou seja, do térreo partem direto para o décimo primeiro andar. Pedrini diz, porém, que, em caso de ampliação, é possível acrescentar andares à zona alta. O edifício tem, ainda um elevador de serviço e dois para transportar os usuários das garagens, do subsolo para o térreo. "Trata-se de uma manobra de segurança, pois obriga todos a passarem pela recepção no térreo", explica Pedrini.

Também na questão de instalações, o banco se diferencia. "As instalações são pesadas e precisam funcionar vinte e quatro horas por dia", diz Pedrini. Para assegurar que a organização não perca nenhum negócio, mesmo que haja um blackout na cidade, as instalações do banco contam com gerador de mil kVas que alimenta todos os sistemas, sem exceção, por até setenta e duas horas.

Fim de caso - O escritório de Chicago Skidmore, Owings & Merril, o mesmo de outros edifícios da incorporadora - entre os quais o Birmann 21, na marginal Pinheiros, zona oeste de São Paulo, ocupado pela Editora Abril - , representa o marco de uma joint venture entre a incorporadora e a construtora norte-americana Turner. A associação se desfez durante a concretagem do pavimento térreo do Birmann 29, em março de 1997. José Roberto Passarelli, diretor comercial da Turner South América, esclarece que a construtora americana teve maior participação na construção do Birmann 29 do que na Birmann 21.

"Acontece que, em 1997, nossos nomes estavam associados, mas não havia ninguém da Turner naquela obra. Já no Birmann 29 um project manager nosso", explica.


De qualquer forma, o rompimento da associação entre as duas empresas não trouxe maiores prejuízos à obra em andamento. Passarelli diz que ficou decidido que o edifício ficaria com a ex-parceira da Turner. Além disso, com exceção do project manager, o restante do pessoal técnico era da Birmann.


FICHA TÉCNICA: projeto arquitetônico (concepção): Skidmore, Owings & Merril; projeto arquitetônico executivo: Davino Pontual; projeto estrutural: JKMF; Projeto de Fundações: FUNDACTA; projeto de ar-condicionado: Teknika; projeto de instalações: SKK; projeto de acústica: Schaia Akkermann; projeto de impermeabilização: Proassp; consultor de edificação: Alexandre Weinberg; consultor de segurança: Moked; consultor de tráfego: Michell Sola; consultor de esquadrarias: Mario Newton; consultor de luminotécnica: Esther Stiller; execução de parede-diafragma: Anson; execução de estrutura: CPI; execução de ar-condicionado: Tuma; execução de instalações hidráulica e elétrica: Hemel Cel; fornecimento e instalação de forro de gesso, gesso acartonado e forro acústico: Executa; gesso acartonado: Lafarge; forro: Celotex; impermeabilização: Norte/Sul; estrutura metálica: Aluaço; supervisão predial (equipamentos e instalação): Jonhson Controls; isolamento acústico: Acustermo; fôrmas: Formaplan; locação de equipamentos: Central; chillers: Trane; elevadores: Otis; granitos: Poli; vidros: Blindex; esquadrarias de aluminio: Prando Pavanello; tanque de gelo: Refricon; quadros elétricos: Caeg; geradores: Caterpillar; balancins: Pórtico Real; torres de resfriamento: Alpina; divisórias sanitárias: Neocon; portas: Sincol.

Matéria Publica na Revista A Construção São Paulo "O vigésimo nono"
Número 2660 - fevereiro/99 - páginas 15 a 19

 

O VIGÉSIMO NONO
(SIMONE CAPOZZI)

O VIGÉSIMO NONO

BIRMANN entrega edifício com laje de mais de mil metros quadrados na Nova Faria Lima.